Provas da Existência de Deus

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O professor Parsifal – com a sua voz profunda e singular, misto de energia e ternura, de simplicidade e transcendência – diz ao eminente advogado, que, esgrimindo argumentos, desafia que alguém chegue a provar a Existência de Deus.

– Penso que todas as maravilhas da Criação atestam não só a Existência, mas também a Perfeição e a Onipotência de Deus.

– A que maravilhas o senhor se refere?

– A pequena semente que se transforma numa frondosa árvore, com folhas, flores e frutos, oferecendo ao homem a sua sombra hospitaleira e amenizadora nos dias de intenso calor, e, ainda, o seu produto saboroso e nutritivo; as flores de variados matizes, aspectos e perfumes, que emprestam à natureza uma nota festiva e surpreendem a sensibilidade da Criatura Humana, inebriando-a, tasiando-a, arrancando-lhe exclamações de júbilo e admiração;

os pássaros, com as suas plumagens de variegadas cores, a sua graciosidade frágil e saltitante, as diferentes melodias de seu gorjeio álacre e encantador, dando ao homem constante lição de entusiasmo e alegria; as atividadades abelhas, infatigáveis professoras de trabalho disciplinado, fecundo, construtivo; os mistérios e prodígios da procriação e da evolução, na terra e no oceano; a configuração e precisão do próprio organismo humano, evidenciando um aparelhamento espantoso, tanto no que concerne ao corpo, como no referente às faculdades mentais-morais-espirituais – tudo isso não será suficiente para comprovar a existência e a perfeição desse Incomparável Artífice que é Deus?

– Nada disso é suficiente para me convencer da Existência de Deus.

– Se tudo isso não fosse suficiente, poderíamos ainda remeter-nos a outro exemplo mais assombroso e mais convincente. Contemplaríamos o infinito incognoscível, com as miríades de astros que ali fulguram, sem cair, sem se chocar, regidos por Leis Superiores, que se expressam em magistral lição de harmonia e disciplina – para vislumbrar o quanto é grandioso o Universo e o quanto é perfeito o seu Criador.

– Mas, tudo isso já está explicado cientificamente. Não é mais do que a manifestação de leis naturais, físicas e astronômicas.

– É bom não confundir o efeito com a Causa. As explicações, as teorias e as leis físicas ou astronômicas representam, apenas, o empenho de esclarecer os efeitos da Causa que tem inquietado os espíritos. O fato, pois, de se extrair conclusões, através dos efeitos, para explicar a Causa, não quer dizer que a Causa desapareça. A maior prova de que o Criador Supremo existe e é infinitamente superior à sua criatura está em que estabeleceu e criou todas essas maravilhas que o Ser Humano jamais fez nem poderia fazer.

– O senhor poderia apresentar-me uma definição do que é Deus?

– A meu ver, Deus é indefinível. É tão grande a sua magnitude que o Ser Humano jamais poderia defini-lo, sob pena de arriscar-se a resvalar para a insensatez. Mais ainda: é menos difícil sentir o Todo-poderoso do que chegar a compreendê-lo em toda a sua grandeza! E quando a gente chega a sentir a Divindade, através das suas doces vibrações de Amor Universal, não consegue explicar ou definir o que está sentindo!

– Qual a vantagem em compreender, sentir e reconhecer que Deus existe?

– Uma das principais é a de que se convença cada um de nós da sua pequenez diante de tanta grandeza e, desse modo, encontre justificado motivo para ser humilde, a fim de não se embriagar jamais com os triunfos da vida física ou espiritual.

– Mas, a mim me parece que exatamente o progresso intelectual e espiritual é que leva o homem, quase sempre, à arrogância e à vaidade.

– Quem evoluir através desse verdadeiro Processo de Sublimação Espiritual, sempre haverá de encontrar, ainda que chegue a escalar muitos degraus, razão de sobra para sentir-se humilde, tornando-se, conseguintemente, mais humano e mais útil a seus semelhantes.

– O senhor não leve a mal a minha impertinência. Mas, a História apresenta homens que se destacaram precisamente pela soberbia, pela vaidade, pela impetuosidade de suas iniciativas e pela violência de suas ações, provenientes da excessiva confiança que tinham em si mesmos, porque se julgavam homens superiores e eram indiferentes à Existência de Deus.

– A Verdadeira Evolução leva a resultados muito diferentes. Conduz à serenidade e não à violência. Conduz o homem à confiança em Deus acima de tudo e não à excessiva confiança em si mesmo. Conduz à autêntica superioridade, que é humilde, compreensiva e sublime, construindo obras de valor eterno!

– Mas, o fato é que eles deixaram o nome na História...

– Consoante a História tem registrado, aqueles que se deixaram fascinar pelos seus triunfos, e agiram com prepotência, abandonando os sentimentos de Gratidão e Justiça, indiferentes à existência do Poder Supremo, tiveram triste fim. E até aquilo que chegaram a conquistar por meios violentos ou antinaturais, impulsionados pela jactância ou pela ambição desenfreada, esfacelou-se, esboroou-se, ruiu fragorosamente!

– Isso é verdade, professor. A sua palavra me trouxe muitas respostas que eu até agora não obtivera. Considero muito útil a nossa conversa de hoje. Antes de encerrá-la, quero pedir-lhe que não fique zangado com a minha ousadia de lhe ter falado assim sobre a Existência de Deus, contrariando os seus pontos de vista. Mas pode estar certo de que o fiz com seriedade e boa fé.

– Exatamente por isso é que resolvi dirimir, tanto quanto possível, as suas dúvidas, pelas quais eu o felicito, doutor.

– Felicita-me? !...

– Sim, eu o felicito porque o simples fato de apresentar dúvidas e interrogações sobre a Existência de Deus já é um bom sinal . . . É muito melhor do que permanecer indiferente ou apático ante esses problemas espirituais e eternos que desafiam o Discernimento de todos os Seres Humanos.

(Os céus narram a glória de Deus).

 

 

Extraído de:

Jornal Verologia

Edição XL Nº 495 e 496
Artigo referente a Março e Abril de 2014

 

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